Amostragem

Amostragem de grãos define-se como o procedimento executado pelo classificador ou auxiliar por ele supervisionado que, com uso de equipamentos adequados, coleta frações representativas de lotes de grãos contidos em sacarias, silos, armazéns ou veículos transportadores. Devidamente reduzidas, irão se constituir na amostra de trabalho.

Já a amostra define-se como a parte ou porção de grãos, representativa de um lote, que é selecionada para a análise e classificação e que deverá conter todas as características médias similares do lote do qual foi retirada, indicando sua natureza, qualidade e tipo.

Pela sua importância, recomenda-se seguir os procedimentos detalhados na sequência. Essa amostra balizará todo o processo de classificação, recepção (descarga), limpeza e secagem e, se necessários, conferência, monitoria da qualidade durante o armazenamento e, principalmente, a remuneração do produto. Destaca-se que a responsabilidade pela amostragem é do classificador.

Para realizar uma classificação confiável e representativa das características do lote amostrado, é fundamental total atenção com esse procedimento.

Seguem recomendações para uma amostragem representativa:


Cuidados com a segurança: toda operação de coleta de amostras em caminhões ou diretamente na moega deve seguir as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. Os EPIs mínimos, tais como capacetes, botinas de segurança e sistema de proteção contra quedas deverão ser utilizados para prevenir acidentes de trabalho. No caso específico dos embarques FOB onde não existam linhas de vida nem plataformas de acesso, recomenda-se o uso de escadas apropriadas para acessar a carga, bem como uso de cordas para descer a amostra antes da descida do classificador. No Anexo II, poderão ser encontrados mais detalhes sobre os procedimentos de segurança mínimos recomendados.

PROCEDIMENTOS DE COLETA EM COMPARTIMENTOS DE CARGA

Tanto em embarques FOB, quanto CIF, deve-se coletar amostras representativas e aleatórias conforme sugestões nos desenhos abaixo, usando calador pneumático ou manual:


O calador deve ser inserido até atingir o fundo. No caso de calador com janelas, as aberturas devem estar em posição fechada e no sentido vertical, para produtos a granel. Uma vez aberto, deve-se girar de modo que se abram as janelas inferiores e posteriormente as superiores, agitar levemente ou esperar o enchimento e, a seguir, fechar e retirar as amostras cuidadosamente.

CUIDADOS DURANTE A AMOSTRAGEM

Ao realizar a amostragem de cargas de grãos em veículos, tomar os seguintes cuidados:

  • solicitar que o caminhão seja desenlonado totalmente antes de coletar a amostra. Em toda e qualquer amostragem de grãos, os veículos deverão estar totalmente desenlonados.
  • sinalizar ao motorista que será retirada uma amostra, de modo que ele evite que o caminhão se mova e danifique o calador pneumático ou ponha em risco a pessoa que executa a amostragem sobre o caminhão. Podem ser utilizados os semáforos.

PROCEDIMENTO DE AMOSTRAGEM

  • Unidades Armazenadoras: Cargas com dificuldades de amostragem com o calador por excesso de impurezas, umidade, ou veículos com carrocerias muito altas deverão ser amostradas na moega com pelicano durante o descarregamento. É facultado ao produtor ou ao seu preposto o direito de acompanhar a operação de retirada de amostra, respeitando-se as normas de segurança locais.
  • Fazendas/Terceiros: Deve-se acompanhar o carregamento das cargas, para confirmar a homogeneidade, do contrário as cargas devem ser descarregadas e carregadas novamente com a presença do classificador. Cargas com dificuldades de amostragem com o calador por excesso de impurezas, umidade ou outro fator devem ser descarregadas e carregadas novamente.

Atenção: durante a amostragem, independentemente do acondicionamento do produto, atentar para as características de todo o produto coletado com o objetivo de detectar qualquer anormalidade de maior expressão, conforme parâmetros de desclassificação. Comunicar-se imediatamente com os responsáveis pelo embarque e sugerir uma ação corretiva.

Obs.: a desuniformidade do lote pode gerar erros de amostragem.

PROCEDIMENTO DE HOMOGENEIZAÇÃO

Retirar a amostra do recipiente (balde ou caixa de acúmulo do coletor pneumático), homogeneizar a amostra e quarteá-la até obter a amostra de trabalho de 500 a 800 gramas.

CONTRA-AMOSTRAS E PROCEDIMENTO DE CONTESTAÇÃO DE CLASSIFICAÇÃO


Deve ser arquivada uma amostra de 500 a 800 gramas de cada carga recebida, independentemente da qualidade, pelo prazo de 3 dias, para fins de confirmação do resultado, caso necessário.

A contra-amostra (amostra de arquivo) poderá ser reanalisada a pedido do produtor dentro desse prazo. Se a contra-amostra for retirada, esta não deverá ser acompanhada do laudo de classificação nem poderá ser utilizada para contestação de resultados.

O proprietário da carga ou seu representante poderá acompanhar a classificação de seu produto mediante cumprimento as normas e diretrizes de segurança da empresa.

Caso desejado, o produtor pode questionar a classificação ANTES da descarga. Nesse caso, a arbitragem deverá ser realizada na unidade recebedora na presença do produtor ou seu representante indicado.

PROCEDIMENTOS DE CLASSIFICAÇÃO

DETERMINAÇÃO DE MATÉRIAS ESTRANHAS, IMPUREZAS E QUEBRADOS (QUANDO APLICÁVEL)

Despejar a amostra de trabalho (no mínimo 250g) sobre a peneira, acomodada sobre o respectivo fundo, e realizar movimentos de vai e vem no sentido horizontal. Ao material que vazou na peneira de 3mm juntar as outras impurezas ou matérias estranhas catadas à mão e que ficaram retidas nas peneiras de 3mm. Pesar, calcular o percentual ou utilizar as teclas função da balança eletrônica. Anotar as informações no Laudo de Classificação Interno.

DETERMINAÇÃO DE UMIDADE

Após obtenção da amostra de trabalho e passagem pela peneira para retirada de matérias estranhas e impurezas, retirar de cima da peneira a quantidade de grãos requerida para o determinador de umidade.

Colocar a amostra no aparelho e realizar a determinação de umidade que será informada em porcentagem no visor. Anotar o resultado no laudo de classificação interno.

Obs.: A determinação de umidade somente será finalizada com a massa de grãos com temperatura estabilizada, sugerindo-se que esta não exceda a temperatura máxima recomendada pelo fabricante.

DETERMINAÇÃO DE AVARIADOS

Da mesma amostra limpa e homogeneizada e/ou quarteada, pesar no mínimo 50g. Dispor a amostra sobre uma superfície limpa e de cor contrastante (recomenda-se cor azul-fosco), separar manualmente os grãos e pedaços de grãos avariados com o uso de estilete ou alicate para cortar os grãos em caso de dúvida, verificando se os cotilédones apresentam alteração visível de coloração e textura normal. Para efeito de arbitragem, cross check, ou outros processos de controle, devem ser cortados todos os grãos da amostra.

Separar os grãos e pedaços de grãos queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados (exceto picados) imaturos, chochos, pesar esses avariados e calcular o percentual. Grãos ou partes de grãos picados de percevejo devem ser separados e pesados isoladamente, e seu percentual dividido por quatro e depois somado aos demais avariados, para formar o total de avariados. Anotar as informações no Laudo de Classificação Interno.

Em anexo a este Guia a referência visual para identificação de fermentados, ardidos e queimados.

DETERMINAÇÃO DOS ESVERDEADOS

Da mesma amostra de trabalho, utilizada na quantificação dos avariados, separar os grãos esverdeados, pesá-los, calcular o percentual e anotar as informações no Laudo de Classificação Interno.

DETERMINAÇÃO DOS QUEBRADOS

Da amostra de no mínimo 50g, caso o classificador julgar necessário, poderá ser utilizada uma peneira de crivo oblongo para separação dos quebrados. Serão considerados quebrados os fragmentos de grãos sadios que ficam retidos na peneira de 3mm.

Atenção: no caso de grãos ou pedaços de grãos com mais de um defeito, deve-se considerar o mais grave para quantificação, conforme a sequência abaixo:

1. Queimados.

2. Ardidos.

3. Mofados.

4. Fermentados.

5. Esverdeados.

6. Germinados.

7. Danificados/picados.

8. Imaturos.

9. Chochos.

10. Partidos e quebrados/amassados.